O consumo de álcool na adolescência – Maconha: legalizar ou não?

A XXII Jornada Mineira de Psiquiatria fechou sua programação no primeiro dia do evento, com duas conferências de grande importância, que tiveram a mediação do psiquiatra Paulo José Teixeira, do Hospital Psiquiátrico do Ipsemg. A primeira delas, proferida pelo psiquiatra Valdir Campos, presidente da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo e membro da Comissão de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP),  teve como tema a  “Função Executiva e consumo de álcool na adolescência”.

Para o conferencista, o álcool, por ser de consumo lícito, é a droga mais perigosa e de uso mais precoce no mundo, sendo diversos os fatores que levam a isso. Valdir Campos explica que a motivação para a bebida começa pela influência dos pares, da mídia e de familiares. Segundo estudos realizados recentemente, 74% dos adolescentes usam álcool em todo o mundo e iniciam  aos 15 anos,sendo que nas meninas incidência do consumo vem aumentando consideravelmente.Valdir Campos informa, ainda, que a OMS fez um estudo sobre o uso de álcool pelo brasileiro, que bebe 8,9% a mais que a média mundial.

O hábito do consumo do álcool provoca, sobretudo nos adolescentes,  acidentes no trânsito, violência e até mesmo gravidezes indesejadas. Além disso, compromete o sistema nervoso central,circulatório, digestório e o imunológico. Doenças físicas, que juntamente com distúrbios mentais, como depressão, podem levar a suicídios. “A adolescência é um período de alterações importantes no ser humano, inclusive em suas funções executivas e  com o uso do álcool há um impacto considerável nas funções cognitivas”, continua o palestrante.

Campos fez ainda a análise de uma pesquisa realizada com estudantes sobre o consumo do álcool e cigarro. Segundo ele, o resultado demonstra que grande parte dos alunos que fazem uso destes produtos teve pior desempenho no controle de inibição, na tomada de decisões, demonstrando, ainda,  baixa flexibilidade cognitiva, o que pode interferir nos comportamentos futuros. Ele termina sua palestra, focando nas medidas educacionais quanto ao desenvolvimento qualitativo dos jovens: “São ações preventivas para que esses jovens não desenvolvam doenças decorrentes do uso do álcool no futuro, inclusive o alcoolismo. Elas necessitam ser elaboradas com a urgência que o tema merece”.

Maconha: legalizar ou não

Proferida pelo psiquiatra Júlio Dutra, presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria, a palestra “Maconha: legalizar ou não?” teve grande impacto no público virtual presente, que participou do debate. Posicionando-se contra a legalização, Júlio Dutra inicia sua explanação fazendo um breve histórico da maconha, cujas primeiras mudas chegaram ao Brasil nos anos 1500 pelos navios da frota portuguesa e passaram a ser cultivados por índios e negros, sendo comercializados como “cigarros índios” parra uso medicinal. O consumo da maconha foi proibido no Brasil em 1987 e o os usuários passaram a ser presos em 1933.  No entanto, em 2006, os usuários deixaram de ser penalizados e passaram ter punições como  medidas socioeducativas.

Para o psiquiatra, não existe maconha medicinal, o que existem são alguns componentes, descobertos até agora, que têm poder medicinal. É o caso do canabidiol  liberado pela Anvisa. O palestrante fez uma ampla comparação entre os defensores e os não defensores do uso da droga e deixou clara sua opinião sobre o assunto: “A maconha é uma erva que causa dependência e  irritabilidade, entre outros problemas. E, ainda, trata-se de um fator de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais graves como psicoses, mudanças de humor e esquizofrenia”.

 

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