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Associação Mineira de Psiquiatria promove a XXVI Jornada Mineira de Psiquiatria com atividade intensa em Belo Horizonte

Debater disrupturas, performance, conectividade e solidão. Pensar e discutir a contemporaneidade sem os estigmas que perseguem temas importantes da atualidade. Analisar os comportamentos e as sociabilidades tendo a ciência como maior aliada. Assim foi a XXVI Jornada Mineira de Psiquiatria, que se afirma cada vez mais como um dos maiores e melhores eventos da psiquiatria brasileira. De Pedro Nava a Van Gogh, de Jung a Platão, o evento permanece na vanguarda do pensamento científico. A programação, que aconteceu na Associação Médica de Minas Gerais (AMP) nos dias 07 e 08 de junho, contou com os maiores nomes da psiquiatria do país.  Com o objetivo de analisar o que é há de mais importante para a saúde mental nos dias atuais e sob a presidência do psiquiatra Humberto Correa, a XXVI Jornada de Psiquiatria abrigou ainda o XVIII Simpósio De Prevenção do Suicídio e o XVII Simpósio de Neuromodulação da ABEcer.

 A crise da saúde mental em Minas Gerais teve papel importante no evento e abriu os trabalhos da jornada. O papel do Estado como mantenedor de hospitais psiquiátricos adequados e de excelência é uma questão fundamental para garantir a saúde mental da população. Os aspectos político-partidários tomaram conta na condução dos governos em relação ao tema. Questões científicas ficaram fora das estratégias nas esferas locais, regionais e nacionais. Por isso o presidente da Associação Mineira de Psiquiatria, Dr. Rodrigo Nicolato e Dr. Thales Pimenta coordenaram a mesa A crise psiquiátrica no estado de Minas Gerais que contou com a participação do Dr. Edson Hilário.

 No primeiro dia o Dr. Jair Soares falou sobre A busca de biomarcadores para o transtorno bipolar. Nesta conferência, que teve a coordenação da Dra. Marília Lemos, ele aprofundou aspectos importantes sobre o transtorno bipolar e suas características clínicas. Também em sua fala, e constatando a importância da jornada, Soares destacou:  “cada vez que venho ao evento, eu vejo que ele cresceu”, disse congratulando a AMP.

Os aspectos da Automutilação sem intenção suicida foram discutidos pelo psicólogo e doutor pela UNB,  Carlos Aragão. Novos conceitos aplicados ao tema e os reflexos físicos sobre a dor em quadros graves foram aprofundados nessa mesa redonda do XXVIII Simpósio de Prevenção de Suicídio. Aragão em sua fala apontou os perigos da falta de acompanhamento nesses casos e como eles podem afetar o comportamento de jovens e adultos.

O professor de Neurociências e Ciências do Comportamento da USP, Dr. José Crippa abordou outro assunto que hoje está no centro das discussões. Com o tema Quando o Canabidiol não é Canabidiol e porque isso é importante, Crippa analisou como essa substância é utilizada de forma mais eficaz e sua importância para a medicina hoje. Ele afirma, no entanto, a necessidade de se ter cuidado ao tratar do tema. “Tanto o preconceito em relação aos canabinoides, achando que é algo ‘diabólico’, ou entusiasmo exagerado, achando que é uma substancia milagrosa, uma panaceia inócua, são ambos ruins. O caminho do meio, centrado na verdade e baseado na ciência é o que deve prosperar”, pondera. E quando o assunto vem associado ao uso do THC as discussões ficam mais complexas. “Assim como para qualquer substância, é fundamental que tenham sido feitos estudos clínicos controlados de segurança e eficácia. E isto não pode ser diferente para o THC, qualquer outro canabinoide ou qualquer outra substância. Neste sentido, já está aprovado no mundo todo, graças a estudos muito bem embasados, uma formulação que combina o THC ao canabidiol, usado para dor e espasmo na esclerose múltipla. Para outros usos em outras indicações, o mesmo caminho tem que ocorrer”.

No segundo dia de programação da Jornada, o psiquiatra e professor da Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro, Elie Cheniaux, falou sobre Bipolaridade e criatividade. Segundo Cheniaux “uma doença mental, ou qualquer doença, não torna uma pessoa talentosa, ou mais talentosa. Não se tem a menor ideia de onde vem o talento. O que pode acontecer é que no transtorno bipolar o indivíduo que já tem um talento pode ficar mais produtivo nas fases de hipomania, nem nas fases de mania nem nas fases de depressão.” Mas pondera: “ninguém é artista por ser bipolar”.

Além dos temas e personalidades destacados acima, a XXVI Jornada Mineira de Psiquiatria manteve, como em todos os anos, a sua excelência. A presença de Flavio Kapczinski, Alexandre Valença, Neury Botega, Paulo José Teixeira, Humberto Correa, Constantin Georges Dimopoulos e de vários outros, revela o alto nível do evento. Temas como a saúde mental das mulheres na contemporaneidade, saúde mental dos idosos, estresse pós-traumático, suicídio na juventude, dentre outros, apontam o componente prático da jornada. A Associação Mineira de Psiquiatria sempre teve o objetivo empírico em seu principal evento, tornando-o um ambiente teórico, mas também apropriado para as discussões práticas sobre saúde mental.

 

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