Atendimento no Ambulatório de TDAH no CEPAI: atendimento individualizado
Realizar o atendimento individual e humanizado, em nível ambulatorial e hospitalar, de crianças ou adolescentes que apresentem transtorno mental – esta é a função do CEPAI (Centro Psíquico da Adolescência e da Infância), da Rede Fhemig, que há alguns anos vem passando por várias transformações, desde a alteração no nome do hospital, ocorrida em 2007 (a unidade se chamava Centro Psicopedagógico), até a renovação do quadro de funcionários que acontece atualmente.
Um exemplo de investimento feito no CEPAI foi a criação do Ambulatório de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que iniciou suas atividades em 2012 sob coordenação da médica psiquiatra Ana Christina Mageste e do neurologista Cristovão Xavier, e funciona uma vez por semana, às terças- feiras. Segundo o neurologista, viu-se a necessidade de estabelecimento do setor principalmente para especializar residentes na área, considerando-se o alto número de comorbidades na patologia: “Apareciam casos que demandavam uma informação mais completa e específica sobre o assunto. Para se realizar o diagnóstico de TDAH, é fundamental uma especialização”, afirma Xavier.
O médico afirma que 2/3 dos diagnósticos de TDAH apresentam outros casos atrelados, como por exemplo, epilepsia ou dislexia. É por isso que, segundo Ana Christina Mageste, o atendimento individualizado e diferenciado oferecido pelo CEPAI é de grande importância: “Aqui podemos ficar mais tempo com cada paciente, conversar, trocar experiências. Estamos plantando uma semente, montando uma estrutura e capacitando profissionais”, afirma a psiquiatra. A pastora Alexandra Mendonça, mãe de paciente que vem se consultando no ambulatório, se diz maravilhada com o atendimento no local: “A equipe é fantástica. Eles passam as informações de forma clara, e se interessam pelo que acontece na escola da criança. Além disso, são médicos de várias especialidades atendendo ao mesmo tempo, o que passa um maior segurança”, afirma Alexandra.
Diferenciais
A multidisciplinariedade da equipe (que conta com psicólogos, fisioterapeutas, neurologistas, psiquiatras, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e fonoaudiologistas), aliada com uma atual renovação no quadro de profissionais, tem melhorado ainda mais o atendimento do CEPAI. “Todos os novos servidores estão com muita sede de aprender, querendo muito trabalhar com a saúde mental”, afirma a diretora da unidade Lilian Albernaz. Segundo Lilian, tem havido no Centro reuniões de equipe semanais, com discussão de casos, e palestras sobre diferentes temas, como formação do sujeito, tabagismo e a importância dos pais no tratamento. Além disso, esforços são feitos para que haja uma coerência no tratamento oferecido: “é importante que todos os funcionários do CEPAI falem a mesma linguagem. Estamos trabalhando muito nisso”, afirma a diretora.
Outro papel importante que a instituição desempenha é o de realizar a integração com Secretarias Municipais de Saúde de outras cidades do Estado, nas quais morem jovens que por algum motivo não possam vir a Belo Horizonte para serem atendidos no CEPAI, ou que precisem continuar seu tratamento no local onde vivem. “Fazemos um mapeamento dos municípios para sabermos o que eles oferecem, e estamos em contato constante com as autoridades destas cidades. Se a criança não pode vir ao CEPAI, tentamos de certa maneira ir até eles”, ressalva a diretora. A questão do espaço físico também é algo valorizado na unidade: os internos têm acesso a áreas de lazer como piscina, quadra e uma brinquedoteca, onde podem ler, desenhar e se divertir com vários tipos de brinquedos.
Atividades no CEPAI
Caso a criança precise de internação, é necessário alguém para acompanhá-la. Porém, se nenhum familiar tiver esta disponibilidade, há conselheiros tutelares e técnicos de enfermagem para desempenhar esta função. A unidade hoje conta com 11 leitos de hospitalidade, e a internação dura entre 15 e 20 dias. Os responsáveis podem participar de atividades junto aos jovens, e de oficinas direcionadas para eles, como a ginástica das mães, que ocorre nas noites das segundas e quartas-feiras. Luciana Gomes, terapeuta ocupacional na unidade, afirma que os acompanhantes estão presentes principalmente nas atividades livre-expressivas, como desenho e poesia. Valdemar Fernandes, acompanhante de interno, é um dos que se envolvem nas atividades oferecidas no local: “Participo do futebol e dos jogos. Com as oficinas e a medicação, meu irmão já evoluiu bastante, está bem menos agressivo”, conta o responsável, enquanto observa de perto o parente se divertir jogando bingo.
Outras atividades realizadas com os pacientes são modelagem com argila, oficinas de autocuidados (corte de cabelo, cuidado com as unhas), de cartas, pela qual o paciente pode treinar a escrita e manter contato com pessoas de fora, de culinária (de 15 em 15 dias) e cinema com pipoca – nesta última, a escolha dos filmes é pré-determinada em reuniões, mas a opinião dos pacientes também é considerada, para estimular sua autonomia. Além disso, todas as manhãs são realizadas reuniões com os pais e pacientes, e atendimento psicológico individual com os internos. “Com suas tarefas pré – determinadas, o paciente consegue se organizar melhor, o que contribui para a melhora do seu estado psíquico, e consequentemente, para o avanço no tratamento”, salienta a terapeuta ocupacional Luciana Gomes.
Encaminhamento
De acordo com a assistente social Adriana Uebe, o fato de a equipe estar completa e unida tem refletido em bons resultados no CEPAI, e, após a alta, o paciente tem sido mais bem encaminhado: “Antes, um grande número de pacientes retornava após o fim do tratamento. Agora eles têm voltado menos, ou seja, está havendo um melhor acolhimento na rede”, explica Adriana.
Fonte: Fhemig
Foto: Anni Sieglitz