O que é educação para você?

Dr. Antônio Marcos Alvim Soares Junior

Médicos pela Educação – MG

Depto. Psiquiatria da Infância e Adolescência AMP

Educamos para alcançar o desenvolvimento do ser humano. Esse alcance inclui suas potencialidades, habilidades e competências, valores, crenças e hábitos no melhor que for possível para cada indivíduo e para otimizar o funcionamento da sociedade e seu capital mental.

Sabemos, contudo, que dentro da nossa realidade nem sempre o processo se faz atingindo o máximo de potencial.  Para alcançá-lo é preciso enriquecimento de ambiente, oportunidades e as melhores pessoas para cada condição. O ambiente escolar sempre é um local de enriquecimento: pessoas diferentes, preparadas, educadas, cuidando de crianças e enriquecendo de estímulos e até de nutrição. Em muitos momentos, essa é a melhor oportunidade para alguns cenários.

A pandemia ceifou vidas e também potencial, empobrecemos ambientes ao restringi-los ao que se passa numa tela. Democratizamos o acesso aos prejuízos, mesmo que em doses diferentes e com características peculiares. Para alguns, geramos um amplo prejuízo acadêmico, nenhum estímulo ou estímulos amplamente inapropriados. Para outros, temos menos estímulos e mais dificuldades em manter-se funcionais por tantas horas diante de uma tela, ou seja, espalhamos desatenção. Para terceiros, houve até enriquecimento de estímulos em aulas particularizadas, tours virtuais em museus e pais mais disponíveis às necessidades. Tem de tudo um pouco, em proporções nem sempre conhecidas.

O formato final é o estresse que comumente se acumula. Alterações de sono,  falta de pertencimento, sentir-se estressado ou solitário, ansiedade, depressão, tudo isso tem sido descrito extensivamente para qualquer faixa etária.

A escola é bem mais do que um ambiente de ensino acadêmico. Para muitos é um local de convívio e socialização com os pares, onde se amplificam habilidades que só os iguais podem amplificar. É um local onde ensinamos a ser cidadãos, ensinamos sobre o funcionamento da nossa cultura e onde reverberam os nossos valores sociais. Diante das incertezas e obscuridades do momento, existe algo que enxergamos com extrema clareza: a não oferta dessa riqueza deixará rastros duros, como tudo dessa pandemia. É preciso pensar no custo benefício, não apenas o individual, mas o da sociedade que precisa educar. Precisamos ter tolerância zero com a total falta de aulas e envidar todos os esforços para minimizar os problemas do ensino online. A inovação tecnológica já aconteceu e este é o momento de focar nos reais valores de habilidades como criatividade, comunicação, colaboração e adaptabilidade.

Pensar o sentido da educação para realidades distintas é hoje uma emergência: precisamos ensinar a gerar condições de socialização online, precisamos oferecer acesso aos cuidados de psiquiatras e psicólogos. Precisamos cuidar com ainda mais atenção e zelo daqueles com diagnósticos prévios. Qualquer criança com transtornos do desenvolvimento deve ser acompanhada academicamente para reduzirmos seus impactos. Precisamos de uma estrutura de suporte online com toda a multidisciplinaridade necessária.

E o que estamos fazendo para deixar passar? E o que estamos fazendo como profilaxia secundária voltada para as crianças e adolescentes?

Esse novo capítulo na história da humanidade pode se desenrolar de várias formas, mas não estejamos cegos às oportunidades de construir um novo olhar sobre a educação.

 

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