O livro ‘As homossexualidades na psicanálise’ é indicado ao prêmio Jabuti
O Jabuti é o principal premio da literatura brasileira, que abrange 27 categorias. A obra ‘As homossexualidades na psicanálise – na história de sua despatologização’, foi indicado na categoria Psicologia e Psicanálise. O anúncio do vencedor será feito no dia 16 de outubro.
Para a psiquiatra e psicanalista Gilda Paoliello, membro da AMP e co-autora do livro, só a indicação já é um grande reconhecimento, mas há também boas chances de se conquistar o prêmio. “O lançamento foi em maio deste ano e nesse breve tempo de existência já estamos na 2ª edição. ‘As homossexualidades na psicanálise’ vem sendo bastante citado em pesquisas sobre o tema, além de ser uma contribuição inédita para a Psiquiatria e para a sustentação da discussão ampla sobre o tema do preconceito, da homofobia e do desconhecimento sobre a sexualidade humana”, diz.
Sobre o livro
A coletânea “As homossexualidades na psicanálise – na história de sua despatologização” reúne 30 textos de psiquiatras e psicanalistas brasileiros e estrangeiros (franceses e americanos) que refazem o percurso da história e da clínica das homossexualidades na cultura ocidental, a partir de cuidadosa revisão do tema nas várias interpretações da psicanálise e psiquiatria.
Culturalmente aceita na antiguidade, a homossexualidade torna-se pecado imperdoável c/ o advento do cristianismo e, logo depois, um crime merecedor de pena de morte. Na tentativa de descriminalização, a medicina se apropria do tema, transformando a homossexualidade em uma patologia, a partir do século XIX.
O processo de despatologização da homossexualidade tem início marcado na publicação dos “Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade”, De Sigmund Freud, onde o autor desvela a lógica da sexualidade a partir da teoria das pulsões, mostrando que a pulsão não visa a reprodução, mas a satisfação e que o objeto da pulsão, isto é, o objeto do desejo humano, é inespecífico. Este processo de despatologização culmina com a retirada do diagnóstico de homossexualidade do Código internacional de Doenças (CID), em 1992.
Outro ponto de destaque no livro é a demonstração de que a discussão sobre ser a homossexuliddae inata ou adquirida, ainda considerada pela psiquiatria atual, é completamente irrelevante, por não haver uma homossexualidade, assim como não há um universal na sexualidade humana.
Os autores retomam a teoria psicanalítica a partir de Freud e Lacan para demonstrarem a diversidade sexual e a escolha de gozo particular de cada sujeito e assim abordar a multiplicidade das homossexualidades (praticante, latente, sublimada) tanto na teoria psicanalítica quanto na clínica e na vida cotidiana.
Este livro, além de mostrar os fundamentos teóricos, éticos e clínicos da homossexualidade, denuncia os desvios teóricos na psiquiatria e psicanálise e a homofobia presente tanto nas teorias quanto nas práticas clínicas e, principalmente, o desconhecimento que fortalece o preconceito sobre o tema na vida cotidiana, provocando sofrimentos e tragédias. Este livro fornece fundamentos para sustentar o debate atual, e tão necessário, na sociedade sobre o tema da sexualidade humana.
Ficha técnica:
Entre os autores, além dos organizadores Antonio Quinet e Marco Antonio Coutinho Jorge, as francesas Colette Soler e Elisabeth Roudinesco, o americano John Drescher e a mineira Gilda Paoliello, coordenadora da Comissão de Publicação da Associação Mineira de Psiquiatria, professora da Residência de Psiquiatria do IPSEMG e membro da Câmara Técnica do Conselho Regional de Medicina de MG.