AMP promove simpósio em Belo Horizonte sobre saúde mental entre estudantes, residentes e médicos

Aconteceu nos dias 28 e 29 de abril o Simpósio: A Saúde Mental do Estudante, do Residente e do Médico no auditório da Faculdade de Medicina da UFMG em Belo Horizonte. Organizado pela Associação Mineira de Psiquiatria (AMP), o evento contou com alguns mais importantes nomes da medicina no estado e teve, nos dois dias, discussões fundamentais sobre a saúde mental da categoria. Como se sabe, o suicídio entre médicos e estudantes de medicina é um fator de extrema preocupação entre a comunidade acadêmica.

A programação teve início com a fala do presidente da AMP, o psiquiatra e professor Humberto Correa. Em sua exposição, Correa alertou para a negligência e o estigma que é imposto ao suicídio. O tema, segundo ele, não tem a relevância merecida pelo poder público e o país anda para trás em números e projetos necessários para a diminuição dos casos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que no mundo o suicídio tem diminuído 30% nos últimos anos, mas o Brasil tem tido um crescimento exatamente igual, ou seja, 30% a mais. Isso ocorre pela falta de políticas públicas e atenção de toda a sociedade para que o suicídio seja combatido de forma intensa em todo o país.  

Segundo a American Foundation for Suicide Prevention, em média, 300 a 400 médicos cometem suicídio por ano em todo o mundo e as mulheres médicas são as mais afetadas. Humberto Correa aponta que “os médicos do sexo masculino se matam 40% a mais que a população em geral e as médicas 170% a mais.  Entre os médicos, as especialidades que mais cometem suicídio são os anestesistas seguidos pelos psiquiatras e uma das explicações é o acesso facilitado aos métodos de autoextermínio”.  E alerta: “Entre os estudantes de medicina 11% apresentam comportamento suicida e é urgente que existam projetos e políticas públicas para que esses números diminuam”.

Logo após a sua fala, Humberto Correa passou a palavra ao médico e professor Geraldo Magela Gomes da Cruz que apresentou o tema O Médico que só medicina sabe … O papel das humanidades na formação do médico e sua importância para a boa saúde mental. Nesse contexto Gomes da Cruz explicou o entendimento que Freud e Lacan, dentre outros, fazem de questões como o suicídio e as doenças mentais em geral. Ele falou da importância da interpretação dos fatos como forma de compreensão de enfermidades e de autoextermínio  entre médicos e no meio acadêmico. Com uma visão ampla e inteligente, Gomes da Cruz apontou, em sua fala, reflexões fundamentais sobre a saúde mental nos dias de hoje.

Ainda na mesma noite o evento contou com a conferência Resiliência, Espiritualidade e Saúde Mental na Vida Acadêmica com o psiquiatra e parapsicólogo Alexander Moreira. Professor associado da UFJF, Alexander é conhecido e respeitado por suas publicações sobre fenômenos paranormais, saúdetranstornos mentaisproblema mente-corporeligião e espiritualidade. Participante ativo do movimento espírita e influenciado por Allan Kardec, atualmente ele é o coordenador das seções de relação entre espiritualidade, religião e saúde mental da World Psychiatric Association e da Associação Brasileira de Psiquiatria. Alexander foi premiado em 2006 pela Parapsychology Foundation e também é membro da Parapsychological Association, participando da sua diretoria entre 2011 e 2012.

Para fechar o primeiro dia, a programação ainda teve a mesa redonda sobre O Abuso de Psicoestimulantes e hipnóticos com a participação dos médicos Vinícuis Rocha, Guilherme Rolim e da presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) Ivana Raimunda de Menezes Melo.

No dia seguinte os trabalhos iniciaram às 8 e 30 da manhã com a mesa Burnout e Medicina são uma Combinação Inevitável? com a participação dos médicos Sandra Lyon, Renato Fernandes Jr. e da diretora do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG) Fabiola Tatiana de Souza. Para fechar, o evento contou com a última mesa sobre Estratégias para o Enfrentamento do Estresse e sua Evidências Científicas com a participação dos psiquiatras Rodrigo Huguet, Ramon Cosenza e André Jafeth.  

 

 

 

 

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