Quem tem medo do Lobo mal?
“Quem tem medo do Lobo mal?” foi o tema da mesa-redonda que teve excelente repercussão na XXII Jornada Mineira de Psiquiatria. Sob a coordenação do gerente médico de pesquisa clínica da EMS, Arthur Kummer, as discussões trouxeram ainda os palestrantes Renato Ferreira Araújo, sócio-diretor da Clínica Mangabeiras (“Estimulação Magnética na Infância e Adolescência”); Guilherme Rolim, coordenador dos serviços de Estimulação Cerebral Transcraniana do Hospital Raul Soares (“ECT e Ketamina na infância e adolescência”) e Filipe Fernandes, receptor da residência de psiquiatria do Ipsemg (“Uso de canabinoides na infância e adolescência”).
Renato Ferreira Araújo indica a Estimulação Magnética repetitiva para potencial uso em crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista, no autismo, e na depressão resistente. Mas a indicação tem restrições por causa do cérebro desses pacientes ainda estar em formação: “A técnica há que ser realizada com os protocolos aprovados nos pacientes adultos, mas é necessário um cuidado ainda maior para não ocorrer reações adversas. Além do que o tratamento é muito caro e não é acessível para grande parte da população brasileira” diz o médico. Muitos pacientes acabam entrando na justiça para obter o tratamento. O palestrante informa ainda que em casos de pacientes com TDAH, a técnica ainda não se mostrou muito eficaz.
Guilherme Rolim, um dos palestrantes que mais discorreu sobre cetamina nessa Jornada, não poderia ter deixado de fazer uma explanação detalhada sobre “ECT e Cetamina na infância e adolescência”. Para ele, o tratamento da ECT entre adultos, crianças e adolescentes pode ser praticamente o mesmo, guardadas as devidas diferenças entre as queixas dos pacientes e as proporções das dosagens. O uso da ECT, que tem vencido o estigma, volta a ser necessário para pacientes com doenças severas e extremamente graves e os resultados comprovados demonstram que os pacientes não só melhoram como passam a utilizar menos medicamentos. “No caso da cetamina, há uma eficácia do medicamento, tanto em aplicações venosas ou intranasais na redução da depressão , mas é um tratamento ainda fora de bula e só deve ser usado quando não há outras alternativas, principalmente para crianças e adolescentes que podem se tornar psicóticas com o uso prolongado da droga
No Brasil, a venda de produtos medicinais derivados de cannabis foi liberada em março deste ano pela Anvisa, que decidiu arquivar a proposta de regulamentação do plantio para fins medicinais no Brasil. Filipe Fernandes, em sua palestra sobre o “Uso de canabinoides na infância e adolescência”, informou que apesar dos estudos sobre o uso do canabidiol ainda serem bastante incipientes, há evidências preliminares nas quais o medicamento tem eficácia na redução de irritabilidade e agressividade, hiperatividade e episódios de insônia. Havendo, ainda, diminuição no número total de medicamentos prescritos e na frequência de convulsões de pacientes com epilepsia comórbida. Sobre o uso do canabidioide no TEA hoje, Fernandes diz ser cedo para responder porque os estudos ainda estão em “estado de Arte”, mas pode-se dizer que há esperanças .