Suicídio em Diferentes Populações
O que leva pessoas que residem em aldeias ou vilas, principalmente jovens, a cometerem suicídio? Esta foi a pergunta que a mesa-redonda “Suicídio em Diferentes Populações” procurou responder em mais uma das atividades desenvolvidas pelo IX Congresso Latino-Americano de Prevenção do Suicídio, 100% online, no seu quarto dia do evento. Filipe Cursino, preceptor do programa de residência médica em psiquiatria da infância e adolescência do Centro Psíquico da Adolescência e Infância (CEPAI/FHEMIG), coordenou os trabalhos, que contou com três lideranças de peso da América Latina. Inicialmente, psicólogo mexicano Luis Miguel Sanches Loyo, presidente da Decide Vivir México e membro da Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, falou sobre “Características clínicas, familiares, sociodemográficas y culturais do fenômeno do suicídio em uma população indígena”.
Luis Miguel informou que tem havido um aumento significativo do número de suicídios nas populações rurais, inclusive as indígenas. O palestrante exemplifica com estudo realizado em um município pequeno do interior do México, onde em um dos pontos da pesquisa, ele fala sobre a estatística de mortes por suicídio entre 1990 e 2016, comparando sexo e idade. O estudo revelou que 70% das mortes por suicídio foram de homens 76% delas de jovens entre 15 e 29 anos. “Normalmente esses suicídios foram causados principalmente por questões familiares, econômicas e sociais”, diz o palestrante.
Karla Patrícia Valdés Garcia, professora na Universidade Autônoma de Coahuila, no México, fez um relato a respeito da pesquisa que realizou sobre “As emoções e o suicídio na população de Saltillo, no México: aplicação de redes semânticas”. O trabalho da professora tinha como metodologia ouvir 136 jovens, por meio de questionários a serem respondidos em centros comerciais ou outros locais frequentados por jovens, cuja pergunta era: quais as dez palavras que vêm à sua mente quando ouve falar que alguém suicidou? Objetivando justificar as emoções nos jovens quando ouviam falar de autoextermínio, a pesquisa teve o resultado almejado. Os pesquisadores analisaram um grupo de dez palavras mais citadas e entre elas, a única que constou em 100% das respostas foi “tristeza”.
“O suicídio deve ser considerado política de saúde pública. Enquanto os governantes não pensarem desta forma, dificilmente os atos cometidos deixarão de crescer. Precisamos preservar e defender vidas, para tanto, não podemos dissociar o suicídio de relações sociais do indivíduo, como a família, por exemplo”. Desta forma José Vicente Caballero Quiñónez inicia sua palestra. Para ele, o suicídio é uma conduta ambígua e complexa, intencional e, muitas das vezes relacionada ao uso de álcool e drogas. Fez, ainda, um relato de mortes violentas no Paraguai comparando com o suicídio. O psicólogo cita uma pesquisa realizada pela Revista Psiquiátrica nos anos de 2019, quando se constatou o aumento significativo das taxas de suicídio, com uma série de causas, entre elas, os efeitos dos meios de comunicação, a relação entre futuro e projeto de vida, entre pobreza e enfermidade, a globalização e desesperanças.