Quando os antidepressivos não funcionam
Uma outra mesa de grande repercussão da XXII Jornada Mineira de Psiquiatria tratou do tema “Quando os antidepressivos não funcionam”. Os debates tiveram a coordenação do psiquiatra Moacyr Alexandro Rosa, vice presidente da Associação Brasileira de Estimulação Cerebral (ABECer) e um dos mais experientes psiquiatras na aplicação e no estudo de Eletroconvulsoterapia, Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva, entre outras técnicas de Neuroestimulação em psiquiatria no Brasil. Participaram ainda da mesa- redonda os psiquiatras Guilherme Rolim, coordenador dos serviços de Estimulação Cerebral Transcraniana do Hospital Raul Soares, em Belo Horizonte, e Érico Costa, professor da pós-graduação em Saúde Coletiva do Centro de Pesquisa René Rachou/Fiocruz.
Moacyr Alexandro Rosa, além de coordenar a mesa, fez uma exposição detalhada sobre “Quando indicar a Estimulação Magnética Transcraniana
(TMS) na depressão refratária”. Segundo o especialista, a estimulação magnética pode ser utilizada por qualquer paciente refratário a outros medicamentos tradicionais, sobretudo por aqueles que sofrem de depressões uni e bipolar graves, nas alucinações auditivas da esquizofrenia e planejamentos de neurocirurgias.. “Ela não tem efeitos colaterais, a não ser alguma cefaleia, no entanto, se aplicada incorretamente pode ocasionar crises convulsivas graves. Mas, felizmenene, isso é muito raro ocorrer”, enfatiza o médico. Ele encerra sua explanação com uma comparação no uso das duas ténicas EMT e Estimulação Cerebral Transcraniana(ECT).
“Cetamina na depressão refratária” foi a temática da palestra de Guilherme Rolim, que inicia sua fala fazendo um breve histórico da cetamina utilizada há mais de 50 anos como anestésico. No ano 2000 elaborou-se um estudo destacando que o medicamento poderia ser utilizado para depressão com resultados positivos. Com o tempo e outras pesquisas, os resultados foram animadores, pois a droga acarreta o aumento da conectividade funcional, redução da ideação suicida e melhora nos pacientes bipolares. “Para evitar remissões e recaídas, as doses mais altas têm efeitos melhores”, disse. Terminou falando de uma pesquisa realizada com idosos, que respondem melhor ao tratamento, se associam a cetamina com outros medicamentos. No entanto, seu uso continuado está relacionado a doenças físicas, como cistites graves.
“A ECT, com mais de 80 anos de uso, continua sendo uma técnica para tratamento de transtornos mentais graves, apesar do estigma a que lhe foi imposto ao longo do tempo”, Desta forma Érico Costa inicia sua palestra “Ainda há espaço para a ECT?”.
“Claro que há”, responde o pesquisador. Para ele, é importante divulgar reportagens publicadas na mídia inglesa, como a BBC de Londres, que mostra as vantagens do uso da técnica, como por exemplo a solução de 80% dos casos, com um nível baixíssimo de mortalidade. Entre os diversos estudos citados na palestra, o professor mostrou uma estatística dinamarquesa, que levanta os problemas relacionados ao uso de medicamentos antidepressivos e demência: “Uma das causas do uso da ECT”, finaliza.